21.12.10

vozes.

blá blá blá silêncio. blá.
yay! número um: um som mais fino que uma linha de costura; constante e não perde o tom; macio e aconchegante como veludo; super adocicado e grudento como chiclete; som preto, som de todas as cores; som lindo.


blá blá blá ai ai blá blá blá drama blá blá blá
lol número dois: um som meio fino meio grosso; inconstante e não dá pra traçar uma linha reta sobre o som em ocasião nenhuma; às vezes sobe 10 milhões de tons até doer a cabeça; som suportável, porém enjoativo; de cor esmeralda - e nojento.

blá. blá. blá. blá. hm. blá. blá.
hmmmm..número três: som grave; quando alto parece tremer tudo em volta, quando baixo parece música sepulcral; som macio, mas incômodo; parece tocar a pele com água quente quando ao pé do ouvido; som de cor sempre escura para ser ouvido em lugares escuros; único som que permite ao ouvinte escutar simultaneamente o próprio pulso.

BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ DRAMA BLÁ BLÁ BLÁ AD INFINITUM BLÁ ETC - -
ah-há! número infinito: um sonzinho irritante, som que parece ter uma barreira feita de gema de ovo, insuportável e dá vontade de vomitar quando ouvido em tons muito altos. sem características físicas. cor verde-musgo. vomita*

15.12.10

coincidências.

- nível 1
nome: garoa de coincidências.
grau de tolerância: suportável.
frequência: quase todos os dias.
duração: de 1 a 2 dias, no máximo, seguindo um mesmo tema.
características principais: acontecem com coisas rotineiras, como dias em que toda vez em que se olha no relógio, os números estão iguais ou em determinada ordem. ex. 09:09, 11:11, 12:34, 21:12) ou pensar em alguém e esse alguém te ligar ou mandar um email em um curto espaço de tempo (ex. pensar em algum amigo distante e este entrar em contato no dia seguinte etc.

- nível 2:
nome: chuva de coincidências.
grau de tolerância: incômodo.
frequência: sempre que acontece algo muito foda que me surpreenda (aka quase nunca).
duração: cerca de 1 a 2 semanas, sem muita lógica de ordem.
características principais: sincronia de acontecimentos sempre dentro de algum tema/assunto já conhecido, porém não muito casual. geralmente, está relacionado com coisas ruins. ex. ter pesadelos inéditos com algo ou alguém e isso realmente acontecer em cenas de programas de tv, em novas histórias em quadrinhos, em filmes que vejo sem querer (não costumo assistir filmes), ou então quando alguém que tenha me surpreendido de alguma forma, me faça sentir saudade ou ódio por algum tempo e aí chove coincidências sobre essa pessoa e depois de alguns dias acontece algo bem foda, seja com a pessoa em questão, seja com algo relacionado à ela - como ela sofrer algum acidente ou se casar e mudar a vda da noite para o dia.

- nível 3:
nome: tempestade de coincidências.
grau de tolerância: SCARY.
frequência: poucas vezes em toda a vida.
duração: não sei.
características principais: quando algo me incomoda, dou um jeito de pensar em outra coisa, ok. só que em dias dessa tempestade, parece que tudo está relacionado àquele incômodo. exemplo idiota: hoje usei uma meia verde e não gosto de verde, me incomoda. aí hoje TODAS as pessoas do escritório estavam com alguma peça de roupa esverdeada a mostra; hoje estavam pintando a fachada do prédio vizinho de...verde; hoje eu vi um casal de emos com o cabelo super...verde; hoje fui almoçar com uns colegas e me levaram para um restaurante que tinha a decoração toda esverdeada....e por aí vai.





mas isso é tudo história de pescador, ok? eu é que sou uma detalhistazinha que sabe aumentar (e inventar) o drama de uma história e parecer tudo fodão.

13.12.10

centro do universo.

ok, eu posso não ser, mas os Milhos tem um centro gravitacional e um pequeno universo só deles, sem exceção alguma. todos eles possuem uma gravidade algumas vezes maior do que o planeta inteiro. seus sistemas solares são compostos, obviamente, por Galinhas.

quando os Milhos explodem, essa força gravitacional tende a aumentar cerca de blé vezes. as Galinhas, por sua vez, costumam desaparecer nessa explosão pois os Milhos transformam-se em fortes Pipocas e as Galinhas já não os toleram mais.

as Pipocas atraem os Antigos Apreciadores. os Antigos Apreciadores são um povo antigo, que vivem em uma galáxia distante, são muito admirados por alguns outros povos, porém é um povo raro e muito mal estudado pelos cientistas.

os Antigos, atraídos gravitacionalmente (?) pelas Pipocas, são tolerantes, podendo passar longos períodos sem outras necessidades a não ser as pipocais.

quando as Pipocas atingem o seu auge, todo seu campo gravitacional fortalece mais do que originalmente, porém ficam intangíveis apesar de visíveis a olho nu. devido ao seu fortalecimento, algumas Galinhas reaparecem automaticamente ao seu campo original, entrando em conflito com os Antigos Apreciadores.

como os Antigos e as Pipocas sempre evitaram as guerras com povos inferiores, eles, assim como as Pipocas, voltam ao seu estado original.

sendo assim, Pipocas voltam a ser Milhos, as Galinhas vão reaparecendo aos poucos e os Antigos vão pra lá.

complexo da folha branca e outras teorias.

- eu ainda não entendi isso que vc disse sobre Complexo da Folha sei-lá-o-quê.

- Complexo-da-Folha-Branca. cara, já expliquei duas vezes, como não entendeu? dessa vez, essa a teoria não é tão escrota assim...dá pra entender e faz mais sentido do que as outras, vai...

- eu disse que não entendi, então não entendi.

- ou não quer entender. quer que eu explique de novo?

- não vai me fazer diferença.

- mas pra mim faz. então, presta a porra da atenção dessa vez: sabe quando vc quer fazer brotar uma ideia do nada assim e não tem ideia nenhuma, mas consegue se auto forçar a ter alguma ideia idiota qualquer e vai lá e escreve, desenha ou esquematiza em uma folha de papel qualquer? então, vc provavelmente não sabe, mas tem gente que faz isso desde que nasceu com a maior facilidade do mundo. se vc for desse tipo aí que eu falei e, por exemplo, tá em casa, tranquilão sem fazer nada, pega uma folha ou abre o bloco de notas e pensa "vou escrever qualquer coisa" ou "vou desenhar qualquer coisa" a pessoa vai lá e faz. e se não tiver ideia nenhuma, a pessoa consegue escrever ou desenhar mesmo assim - e esse é o ponto que eu quero chegar. quem não tem o Complexo da Folha Branca, consegue fazer qualquer coisa em um papel branco, a partir do zero, mesmo que não tenha ideia nenhuma. a pessoa se força a fazer, esse é o foda da teoria, entendeu agora?

- se alguém consegue se forçar a ter uma ideia, não é a mesma coisa de que se ter uma ideia igual a qualquer outra? pra que inventar isso de "forçar uma ideia"?

- não, não é a mesma coisa. pensa: quem fala "putz! tive uma ideia!" é porque aconteceu algo pontual pra que aquela pessoa tivesse a ideia naquele exato momento. sempre tem algo que nos faz ter alguma ideia, pode ser um lugar, um estilo de música, um ambiente calmo ou agitado, ou até mesmo uma pessoa específica, isso é uma variável. conheci gente que precisava estar em um estado emocional super específico para poder criar alguma coisa. conheço outra gente que fica esperando a ideia vir do nada e nem presta atenção o que o faz ter o tal insight. enfim, todo mundo precisa de uma determinada coisa pra ter ideias. quem é assim, geralmente, tem a bosta do Complexo da Folha Branca, porque se não estiver ou tiver a tal coisa que lhe dá ideias, a pessoa empaca no branco e não tem ideia merda nenhuma. o ponto que quero que vc entenda, é que tem pessoas que sabem se auto forçar a ter ideias mesmo sem ter a tal determinada coisa pontual que todo mundo precisa. é como se criassem uma "determinada coisa virtual" na própria cabeça e usasse dessa virtualidade (?) para ter as ideias.

- hm. legal.

- legalponto.

- é.

- o que vc precisa pra ter ideias quando quer desenhar seus retratos?

- preciso ouvir música clássica e estar em um lugar calmo.

- e se não estiver nessas condições?

- é difícil desenhar.

- vc consegue?

- nunca tentei, mas acho que não.

- vamos testar agora, então, desenha meu retrato aqui no meu braço com a essa caneta, do jeito que vc quiser.

- agora? hahahhaha claro que não...não dá pra fazer um retrato no seu braço.

- é o meu braço ou é esse bar que te atrapalha?

- e essa caneta nem deve pegar na pele direto.

- ou talvez seja a música...desenhar com essa música de viado é sempre complicado...

- eu gosto dessa música.

- eu sei que gosta. vai, me desenha.

- agora não rola. não vou te desenhar...aqui...e no seu braço! quer parar com isso? odeio quando vc faz isso.

- odeia nada.

- pede mais uma cerveja.

- viu, vc tem o Complexo da Folha Branca.

- mas nem era folha. é o seu braço.

- ...dá na mesma.

- grandesmerda.

- é. grande merda mesmo. na real, eu inventei essa teoria agora mesmo.

- não sei como vc consegue pensar nessas coisas...não fazem muito sentido pra mim.

- eu sei como consigo. é porque não tenho o Complexo.

- ahhh, claro. tudo isso pra isso. vc quer é se mostrar, sr. eu-sou-criativo-ao-som-da-lady-gaga.

- sou mesmo.

- metido.

- sou mesmo.

- aff.

- posso fazer um retrato seu agora, se quiser.

- não, obrigado.

- ok. tenho uma teoria sobre o motivo de vc não querer um retrato seu nesse instante.

- quer parar?

- tá, desculpa.

- pede outra cerveja, aí.

-

- cara, o que vc tá fazendo???

- peraê.

- quer parar com isso? não me faça passar vergonha aqui, cacete.

- pronto, já acabei...calma.

- vc não estava fazendo o meu retrato na sua mão, né!?

- larga mão de ser egoísta. estava escrevendo uma teoria pra não esquecer.

- pra que???

- aliás, essa caneta pega na pele sim.

- por que???

- por que o que? por que eu estava escrevendo ou por que a caneta pega na pele?

- saco...

- eu acabei de fazer uma outra teoria. é sobre o porquê eu tenho teorias toda hora e achei sensacional e já que vc me mandou parar, escrevi na minha mão pra não esquecer. e a caneta pega na pele porque é caneta piloto. essas canetas são divinas, pegam em qualquer lugar.

- meu, se vc se acha o fodão por saber "forçar" a ter ideias na hora que bem entende, então porque não se força a parar de ficar inventando histórias e vem curtir o bar comigo?

- se eu te responder isso, aí vou partir pra teoria que escrevi na minha mão.

- jesus cristo...tá enchendo muito o saco isso.

- hahahah te coloquei em uma encurralada.

- ok, fala. não estarei te ouvindo.

- yay! estará sim. então, em resumo teorias distraem. tipo, é assim: quando a gente não gosta de algum lugar ou de alguém ou qualquer coisa do tipo, mas temos que continuar com a situação, geralmente ficamos entendiados ou chateados, certo? e quando ficamos assim, automaticamente, tentamos nos distrair, não é? tem gente que quando tá de saco cheio, começa a cantarolar sozinho, tem gente que fica estalando os dedos sem parar. tem gente que quando não gosta da presença de alguém, fica respirando fundo, como se estivesse engolindo o desgosto a força. tem gente que quando tá chateado anda olhando só pros próprios pés com fones nos ouvidos e assim fica absorto do mundo. tem gente que quando tá entendiado em um bar cheio de amigos em volta, só coloca o queixo sobre a mão e fica bebendo e fumando esperando o tempo e o tédio passar porque sabe que é temporário. tem outras gentes que quando tá entendiado, fica reclamando da vida, assim, e fica impaciente com tudo e todos, já viu? é um saco...e tem gente que - -

- ok, isso eu já entendi, pula pra próxima parte.

- hm. interessante.

- que foi?

- nada. enfim, então, eu descobri o que eu faço quando estou entendiado ou chateado com algo. e era essa a teoria que estava escrevendo aqui na minha mão.

- e o que vc faz?

- engraçado, pensei que vc estava entendiado com o assunto.

- eu estou, mas agora vc me deixou curioso. fala!

- não. vc está curioso só agora, mas antes vc estava entendiado.

- ai, nada a ver...

- tudo a ver. se vc não estivesse tão entendiado teria prestado atenção desde o início e ia saber que eu fico tendo ideias malucas e faço dez milhões de teorias absurdas a cada segundo toda vez que estou entendiado ou chateado. teorizo pra distrair e o tempo passar.

- vc não disse isso.

- disse mais ou menos. era pra ficar subentendido, mas talvez tenha sido malsucedido. hahaha!

- vc tá viajando.

- mas vc entendeu a teoria aí? preciso de um nome pra ela...

- só entendi que vc tá entediado.

- mas entendeu o motivo?

- não.

- tenho uma teoria sobre isso.

-

7.12.10

lembra?

sabe quando precisa lembrar um monte de coisas normais? normais, cotidianas, essenciais, até? datas de aniversários, consultas médicas, reuniões, deadlines, endereços, telefones, contas, vencimentos, recados pra chefe...uff...decorar sites, blogs, caminhos e atalhos, lugares, marcas, preços...

tem de lembrar de tudo isso e mais um pouco que eu não tô afim de lembrar. e tem de lembrar todo dia, mas é normal a gente esquecer, esquecer tudo - ou quase tudo. é costume já e completamente comum alguém dizer: "putz, esqueci". ok, normal. acontece.

agora, já aconteceu de acabar lembrando exatamente aquilo que não precisa? aquilo que ninguém vai precisar lembrar um dia no futuro ou é mesmo irrelevante? é estranho, fora do normal, fora da rotina, é desnecessário?

é desnecessário até vc começar a lembrar de coisas que até então passavam despercebidas pra vc e, ainda assim, não ter uma certeza de que tais memórias vão continuar. são detalhes, coisas inúteis pra maioria das pessoas, mas que vc, aos poucos vai encontrando alguma utilidade - ou não. lembrar a cor e fonte do texto que fulano de tal usou há exatos 2 anos e meio atrás, a música que o outro fulano estava cantarolando exatamente no segundo dia que vcs se encontrarm, decorar os cheiros da maioria dos lugares que vc já esteve, lembrar de situações - interessantes ou não - que aconteceram há meses, anos atrás e até então estavam esquecidas, lembrar de todos os sapatos scarpin que a chefe usa, memorizar palavras chave que de uma conversa que durou horas e sei lá o que mais...me diz, pra que é que eu tenho decorado o uniforme de todos os garçons e garçonetes de todos os restaurantes e bares que eu tenho ido? e pra que é que serve memorizar o estilo de todas as cadeiras que eu tenho sentado nos últimos tempos?

então, eu não lembrava de coisas desnecessárias assim. muito menos as necessárias. nunca fiz questão mesmo.

agora lembro de quase tudo que é desnecessário e com a maior facilidade, sem querer e agora não consigo mais esquecer. é foda tentar encostar a cabeça pra descansar ou querer escutar um pouco de música e começar a lembrar que o restaurante que almocei ontem tem um coraçãozinho no encosto das cadeiras de madeira com verniz e que no lugar que almocei hoje as cadeiras eram totalmente quadradas como nunca vi antes, com pernas de ferro.

devia é ter lembrado da conta que venceu ontem.

domingão.

Rodízio de Chocolate by juls:
(escrito em 24/08/2008)

1. Faça você mesma a massa de brigadeiro em cerca de 10 min;

2. Não espere esfriar, encha a maior colher que tiver com MTO chocolate e acomode-se em frente ao pc;

3. Volte à cozinha encha a big colher com chocolate novamente;

[é importante que não se leve a panela para deixá-la no colo para que o rodízio não entre em colapso e vc sempre vá rodear. hãn...hãn]

4. Depois de ganhar da preguiça, repita o passo 3 e aproveite para pegar um pacote de Trakinas;

5. Fuçe tudo no orkut, baixe 3 álbuns ruins, bloqueie alguém no msn e repita o passo 3 e aproveite para pegar um Todynho. Coma metade da Trakinas e deixe o pacote perto do

monitor para não esquecer no futuro;

6. Procure a fonte ideal no seu msn, brinque um pouco com seu Buddy Poke, repita o passo 3 e aproveite para pegar um copo de suco Tang. Beba o Todynho e deixe a embalagem

perto de vc para não esquecer de jogar no lixo depois;

[é importante ressaltar que o suco Tang ficará amargo...]

7. Oscile entre 3 ou 4 tentativas frustradas de assistir algo no pc, repita o passo 3 e aproveite para roubar alguns pirulitos de cima da geladeira. Beba o suco Tang e deixe o copo

longe de vc para não ter perigo de quebrá-lo;

8. Quando perceber que seu teclado está sujo de doce, pense q amanhã é segunda e você pensará em limpá-lo na terça. Repita o passo 3 e aproveite para fazer um sanduíche de pão

com chocolate. Deixe os papelzinhos dos pirulitos juntos com a embalagem do Todynho, claro.

9. Quando estiver bem enjoada, deixe a panela de brigadeiro nas proximidades do pc e coma o pão com chocolate e deixe o prato mais longe que o copo.

10. Termine com a outra metade da Trakinas e jogue a embalagem em qualquer lugar.

11. Procure o que fazer.

12. Como não vai achar nada o que fazer, assista ao Fantástico enquanto raspa a panela de brigadeiro até perceber que ela estará fácil para lavar depois.

12. Quando perceber, já acabou o domingo e você não fez nada de útil.

1.12.10

rotina.

dorme, sonha coisas comezinhas, acorda, dorme de novo, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda em cima da hora, tropeça, põe a primeira roupa, lava o rosto, escova os dentes, creme no cabelo mais cacheado do que nunca, o cabelo está diferente do que estava ontem, pragueja três vezes seguidas, pega a bolsa, celular, escolhe um álbum no ipod, desce as escadas, lembra que é preciso colocar o tênis, tropeça, volta ao quarto, coloca o tênis, desce as escadas, pega as chaves, abre a porta, manda o cachorro ir pra lá, ele não vai, abre o portão, manda ele ir pra lá, ele não vai, briga com o cachorro, ele fica triste, fecha o portão, o cachorro vem se despedir, acaricia o focinho dele e se despede, fizeram as pazes, vai em direção ao trem, aperta os olhos em proteção ao sol, vai pra sombra, anda, anda, anda, dá bom dia pro vizinho que vê todos os dias, passa pelo drogado na esquina, anda, tropeça, o vira-lata da estação dorme bem no meio do caminho, desvia, tropeça, acabou a passagem no bilhete, vai pra fila, pega a carteira, cai tudo no chão, vergonha, abaixa e pega tudo do chão, pega uns trocados, compra um bilhete só de ida, pensa "passagem só de ida, quem me dera se fosse verdade", passa da catraca, o trem está vindo, corre, atraso de quase meia hora, a plataforma está cheia, entra no trem, está cheio, incômodo, ar condicionado forte e com cheiro de hospital, as paredes do trem também lembram um hospital, espirros, praguejos e xingamentos mentais, está frio, fecha o zíper da blusa listrada, aumenta o som da música pra se isolar do mundo, olha pra fora, o céu está bonito, passa o tempo, o trem está muito cheio, vai pra porta, desce sete estações depois, tropeça na hora de sair do trem, alguém ri, vergonha, está quente e abafado, espirro, anda, anda, sede, esqueceu a garrafa de água em casa, anda, o tempo está fechando, o céu está cinza e vai chover, passa no bar que não é mais o bar verde de antes, compra um pão de queijo e dois toddynhos, anda, entra no prédio, cumprimenta a recepcionista atrás do balcão, espera o elevador, atraso de 45 minutos, o elevador demora e um deles está em manutenção, elevador chega, elevador cheio, evita se olhar no espelho, 5º andar demora a chegar, chegou, tropeça na hora de sair do elevador, vergonha, entra no escritório, está frio, ar condicionado no máximo, 3 espirros seguidos, vai pra copa, deixa um dos toddynhos na geladeira, desliga a luz da copa, fecha a porta, suspiro.

abre a porta, vai pra mesa, está bagunçada, tem recados e pedidos da chefe, alguém pede uma ajuda, o backup do servidor deu erro e precisa começar tudo de novo pela segunda vez, a colega do lado não dá bom dia, alguém faz alguma piada sem graça, a colega da frente pergunta se está de mal humor, responde que sim, como toda as manhãs, ela suspende as sombrancelhas e cochicha algo com a colega do lado, tem três (ou quatro) trabalhos com prazos apertadíssimos, a chefe ainda não chegou, cochichos pelo escritórios, vai ao banheiro, lava as mãos e joga uma água no rosto, ainda não acordou, sai do banheiro, enche um copo d'água, vontade absurda de tomar um litro de café, aguenta a vontade pois isso ocupa a cabeça, volta pra mesa, toma o toddynho e come o pão de queijo, alguém pede mais alguma coisa, muito trabalho inútil, passa o tempo, é a pior hora do dia em todos os sentidos, em poucas horas já bate o cansaço, já está há horas com a mão no mouse, a chefe chega, avisa que os prazos apertaram-se mais ainda, a chefe solicita alterações, atrasa o trabalho, vontade de café, aguenta, alguém pede algo mais, trabalha, sente aquela coisa que vem sentindo desde que, não importa mais, vontade de tomar café, hora do almoço, todo mundo sai, silêncio, agora dá pra trabalhar, em uma hora adianta muito trabalho, todo mundo chega, é hora do seu almoço, celular, ipod, cartão, crachá, sai correndo pra fora do escritório, chama o elevador, elevador demora muito, sai do prédio, está quente, espirros isolados, esqueceu de trazer os boletos das contas para pagar, o vencimento era hoje, já era, vai pagar juros de um dia porque não volta naquele escritório nesse horário, escolhe um álbum no ipod, anda, anda, anda, vontade de café, aguenta, anda, anda, anda, fizera uma promessa de sempre almoçar certo, anda, passa em um restaurante, come pouco, anda, anda, já deu o horário, caminho de volta, peso, entra no prédio, cumprimenta a recepcionista, chama o elevador, elevador demora, tropeça pra entrar, vergonha, ninguém viu, está vazio, evita o espelho, 5º andar demora, olha o espelho com o rabo do olho, não agrada o que vê, sai do elevador, toma cuidado pra não tropeçar no mesmo lugar, pensa "por que é que tenho tropeçado tanto?", sabe a resposta, está na escrita nos olhos, suspiro rápido, entra no escritório, está frio, tosse e 2 espirros seguidos, alguém faz uma piada sobre os espirros, senta na mesa, 3 ou 4 discutem sobre a situção do rio de janeiro ao lado de sua mesa, insuportável, pega o estojo de higiene pessoal, vai ao banheiro, fala com ninguém, tropeça no caminho, alguém faz alguma piada sobre isso, entra no banheiro, não liga a luz, escova os dentes, faz xixi, lava as mãos e o rosto, não encara o espelho, abaixa a tampa do vaso, senta, suspiro.

sai do banheiro, vontade de tomar café, aguenta, volta pra mesa, alguém solicita algo em nome da chefe, trabalha, trabalha, algumas piadas, trabalha, prazo, trabalha, mais alterações, trabalho perdido, final da tarde, sente aquela coisa de novo com muito mais força, lembra do café, vontade de tomar café, aguenta, vai na copa, pega o toddynho, volta pra mesa, trabalha, entrega trabalho, solicitação de um novo trabalho, mais um trabalho para o dia seguinte, a colega da carona avisa que já deu o horário, pede para esperar mais 10 minutos, a colega apressa, não quer pegar trânsito, salva os arquivos, arruma o backup de tudo, dá uma arrumada na mesa, a colega do lado mal conversa, vai no banheiro, lava as mãos e o rosto, debruça sobre a pia, arrenpedimento por sempre aceitar a carona, a motorista é o seu oposto em todos os sentidos possível, ela te adora, suspiro rápido, sai do banheiro, tropeça, alguém ri, você ri junto e se despede, arruma as coisas e a mochila, pega o crachá e sai do escritório, a colega-motorista acompanha, falando fino e cantando sem parar, chama o elevador, elevador demora, elevador chega, evita o espelho, sente aquela coisa de novo, vontade de café, aguenta, vontade de cigarro, aguenta, sai do prédio, compra um saco de pirulitos na doceria, coloca um pirulito na boca, coloca o resto do saco na mochila para os dias seguintes, andam em direção ao carro, andam, andam, entra no carro, ela liga o rádio antes de colocar o cinto, ela passa todas as estações a cada 3 minutos, trânsito, ela fala fino e canta tudo, pragueja contra o trânsito e contra as motos, puxa conversa, simpatia barata, simpatia falsa, conversa nonsense, sente aquela coisa forte de novo, vontade de cigarro, aguenta, coloca um pirulito na boca, encosta a cabeça no vidro, simpatia barata, suspiro, a viagem é longa, outro suspiro.

menos de uma hora, porta de casa, beijo de despedida, pega a mochila e a blusa, sai do carro, abre o portão, pragueja contra as crianças fazendo um barulho horrível na casa da frente, o cachorro vem dar as boas vindas, acaricia a cabeça dele, ele não guarda remorso, você também não mas você lembra que ele é sempre teimoso, o cachorro faz festa em todo o quintal, você sorri, primeiro sorriso sincero do dia, lava as mãos, faz alguma gracinha com o cachorro, entra em casa, cheiro de comida, sem fome, vontade de café, sobe pro quarto, pega uma muda de roupa velha adorável, pega a toalha, vai pro banheiro, esqueceu de tirar o tênis, sai do banheiro, tira o tênis, tropeça, vergonha, volta ao banheiro, encara o espelho, está bonita, está linda, mas ainda não gosta do que vê, encara o espelho, o problema não é beleza, não é cabelo, não há problema nenhum, toma o banho, surgem milhões de ideias para desenhos e histórias, guarda na memória, sai do banheiro, desce pra cozinha, janta sozinha, pouca comida no prato, sem fome, é noite, sente aquela coisa de novo, daria tudo por um café e um cigarro, aguenta, toma um suco ou qualquer coisa que tenha uma cor agradável, arruma a cozinha, enche o copo novamente de suco ou qualquer outra coisa com a tal cor agradável e volta pro quarto, o pai assiste e conversa com a televisão na sala, passa direto, não fala com ele, ele já não conversa direito com você, a mãe assiste televisão quase que no último volume, senta na cama, coloca os fones, escolhe um artista, aumenta o volume, a mãe não tenta mais puxar conversa, arruma algumas músicas, troca algumas poucas palavras com alguém, sente aquela coisa de novo com mais força do que nunca, café, aguenta, termina de tomar o suco, escuta música, desenha, escreve, faz algum trabalho pessoal, fica no deviantart vendo desenhos lindos ou horríveis, lê algum texto interessante, começa a ver um episódio de algum seriado, não tem mais paciências para vídeos, fica de saco cheio, volta a ouvir música, sente a coisa de novo, vontade de café, a coisa não passa, pensa no café, pensa na vontade de café, a coisa não passa e tá ficando mais forte, força um sono, desliga o computador, vontade de ouvir mais música, força um sono, sente a coisa que não passa, vontade de cigarro, vontade de café, suspiro.

dorme, sonha coisas comezinhas, dorme de novo, acorda --

estepe.

- ei, estepe, acorda.

- q

- você é um estepe. vai lá fazer o seu trabalho.

- hm

- os 4 principais estão ruins e quebrados - de novo - vai lá ajudá-los.

- ah

- vai. eles estão pedindo.

- pq

- porque você é um estepe, caralho.

- mas e vc/;]

- eu não sou um estepe.

- e pq eu/;]

- porque eles querem que você os conserte.

- sou um estepe, não um mecânico.

- o mundo inteiro sabe que você não sabe e nunca vai conseguir consertar porra nenhuma, mas eles te querem lá, do lado deles. então vai, cacete.

- ah

- se você não for, vou te obrigar.

- eu sei

- então porque não vai lá ajudá-los?

- cansei

- de quê??? você é só um estepe e fica aí do mesmo jeito o dia todo, cansado de quê?

- sei lá

- vou te levar a força.

- hm

- ok. isso vai doer.

- uhum

- ok, vamos lá.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII NÃO, NÃÃÃO, PARE! POR FAVOR! AAAAAAAAAAAAAAAAA

- eu avisei.

_________________________________________________

- oi, galera, trouxe o estepe pra vocês. desculpa a demora.


- ai, que bom, estava péssima já...
- ow, valeu, não tô mais me aguentando assim!
- putz, demorou mesmo, hein, já nem tenho mais forças.
- ó céus, estou toda ensanguentada, demorasse mais um pouco eu morria....

- sem drama, pessoal, já trouxe o estepe...

- ...

- estepe?

- ...

- droga, esse estepe já era. esperem mais um pouco turma, vou ter de arranjar um outro estepe...isso que dá ficar usando o mesmo estepe por anos.

- não! e o que vai ser da gente?
- ugh, tira a carcaça desse estepe daqui senão vou ficar pior!
- ahhh, seja rápido, estou morrendo...
- ai, que tristeza, nem com um estepe dá pra confiar...volte logo!

- ok.

30.11.10

xxxo falar?

- ow, xo falar um negócio sério assim?

- xo.

- é que tipo...hm. pera...

- fala.

- assim, não me leva a mal, tá?

- vc já é bastante mal pro meu gosto, não tem como piorar. desembucha, vai.

- ok, é que assim...todo mundo sabe que eu tô aqui e tal, de boa assim, fluindo e talz, mas nem por isso é pra vc se aproveitar e tal...

- e vc acha que eu vou me aproveitar?

- acho. aliás, tenho certeza. te conheço.

- me conheceu, quer dizer, né?

- por que? não conheço mais?

- não. as coisas mudaram. vc mudou, eu mudei, o tempo passou, não percebe?

- percebo, mas vc tem uma essência horrível há anos e isso não muda.

- como vc sabe?

- só de ouvir sua voz e pelo jeito que você me olha.

- se for me pegar como referência, sua essência é pior que a minha.

- e vc acha que eu mudei depois desse tempo?

- não sei, me diz vc.

- eu sou uma ótima mentirosa.

- ah...enfim. eu não vou me aproveitar de vc.

- já está se aproveitando e nem tá percebendo.

- como assim???

- pela conversa.

- vc é esperta, vc é que tá deixando eu me aproveitar.

- tô nada, meu.

- claro que tá!

- viu? confessou que tá se aproveitando de mim.

- vc me fez falar isso!

- e já fiz coisa pior com vc.

- isso é passado.

- não estou revolvendo coisa antiga, só tô querendo te mostrar que - nesse sentido - eu não mudei.

- e vc mudou em algum outro sentido?

- aham.

- quais?

- vem cá ver.

- ui!

- adoro.

- ok, depois a gente conversa, então.

- ok. depois.

29.11.10

fala, mano.

oi, mano. eu disse, oi, mano. ah, mano, falaê...o gatinho comeu a língua, é? nho...tadinho ó, mano, pega as próximas semanas e resolve aê o que vai fazer com a sua língua porque tô no ponto de fritá-la e depois vomitá-la sobre você quando nós nos virmos novamente.

odeio gatos. adoro barbecue.

23.11.10

ai, amiga.

ai, amiga, e foi isso. era tudo assim meio daquele jeito sabe? tinha muita regra e tal, regra que a gente não falava, mas a gente já sabia de antemão, só que era do jeito certo que, na verdade, era o errado pra todo mundo. só que você sabe que nem todo mundo presta atenção nisso de certo ou no errado, só querem saber quem se deu bem - ou mal - no final. e no meio também. aí, nem falo muito pra não causar blá blá blá em cima de quem se deu mal ou se deu bem...se é que alguém se deu bem nisso...bom, parcialmente deu sim. sabe como é, né, amiga? tá tudo de cabeça pra baixo, daquele jeito que você olha e diz in-con-for-ma-da: "que dó, né? por que não tenta fazer do jeito certo?" mas, ah, isso que não entendo, menina, como é que ela sabe o tal jeito certo, se o meu jeito certo é o jeito errado pra ela e a gente aqui de cima acha que o jeito dela é o mais errado, sendo que ninguém vai chegar em acordo algum?

segura o portão, isso, assim, vou desligar o forno, já volto.

pronto, então. onde eu estava? ah, sim, sobre o jeito certo e errado. então, é que...que? ai, espera, eu preciso te explicar minha opinião senão você não vai entender a história. é que assim, eu acho que o jeito errado é o jeito certo, só que o jeito certo é o jeito que ninguém faz, por isso é considerado o jeito errado, aí parece que eu faço tudo errado mesmo. tá me acompanhando? mas não é que eu esteja fazendo tudo errado, menina, é o que dizem, porque esse é o jeito que eu gosto e é o jeito que eu acho certíssimo. mas isso era o que eu pensava até ontem. é.

nossa, aquela não é a filha mais nova do zé? que cabelo é aquele? gente, como ela é rebelde, né?

isso, o certo e errado, então. deixa eu falar. então, como eu estava dizendo, aquilo que eu disse sobre o que eu sempre falei agora eu já não concordo mais, por isso, não vou mais dizer isso. ah, é, você sabe que é mentira você sabe que sou horrível pra isso. “isso” mesmo. mas então, o problema é que quando estava daquele jeito e tal, no errado que era o certo, era mais fácil, óbvio, porque não precisava pensar sozinha. isso, você tá certa, não achava que precisava pensar sozinha, né? é...ai, que enrolação tudo isso. mas aí vai e dá tudo errado,

uma, duas, três, ah, umas vezes, aí você para e pensa: vai que o tal errado que dizem é o errado mesmo, assim, universal?

'noite, dona marlene. tô bem, e a senhora? ah, a gente tá jogando conversa fora, sabe como é, né? a senhora viu a filha do zé? virgemaria, também acho! tá bom, dona marlene, fica com deus. 'noite pra senhora também.

ai, que mulher intrometida, né? enfim, amiga, tô desesperada. se esse jeito que eu gosto for o errado mesmo, então quer dizer que já estava tudo errado desde o início, né? mas mesmo pensando ao contrário do que eu disse antes, eu ainda acho que o meu errado é o certo de todo mundo e não consigo achar que o certo de todo mundo seja o meu errado, tá entendendo? a nilza disse para eu correr atrás e ver o que acontece. o dominguinhos disse que eu preciso ocupar a cabeça com outra coisa (aí ele disse que o forró que ele vai lá no cocaia ocupa até o rabo dele, estranho, né?). a terê disse que eu pareço tristonha e o seu beto disse que adora o minha visão crítica do mundo e as minhas pernas, mas nao entendi o que ele quis dizer e disse isso para ele. ele me chamou de sonsa inteligente e afagou meus cabelos. que? dando em cima de mim? não, acho que não. me chamou de sonsa por isso? é, enfim...ah, não, não me importo de pensar sobre isso, consigo pensar em tudo o que eu quero ao mesmo tempo.

olha a moto, sobe mais aqui na calçada. ah, esses motoqueiros...senhor.

que? ah, mas você diz isso por que você guarda rancor quando essas coisas acontecem com você, amiga. eu só guardo memórias e memórias são bem piores do que guardar rancor, sabe? queria ser que nem você, que só de pensar você já fica vermelha de raiva. se eu pensar, eu lembro das coisas e...só. queria muito ter raiva, seria mais fácil. lembra da zezé? então, ela só conseguiu ir embora depois que ficou com, muita, muita raiva. eu lembro até quando você chegou aqui, com as crianças e o teu marido bêbado, estava com tanta raiva que só assim conseguiu mudar as coisas e olha que linda que você tá agora!

aliás, seu cabelo tá lindo? você fez lá na leninha?

não, não vou fazer o que a nilza disse, não, muito menos o que o dominguinhos disse também. ah não, também não vou lá na leninha pra pedir opinião. odeio opiniões sobre minha bolha, estão sempre certos pra eles e errados pra mim, mas como agora já não concordo mais, então não sei mais. também não, não vou ficar procurando algo parecido pra ver se vai substituir, não, isso vai piorar, é comprovado cientificamente que piora, eu vi no fantástico ontem. é, eu concordo, uma hora cai do céu [risos altos]

opa, vai acordar o neném da sílvia. hm? ah, eu sei porque eu a ouvi cantando nânaneném ali na varanda.

não, não, eu não ligo tanto assim como eu pensei que ia ligar, menina. menina, menina, se você soubesse o tanto que eu achei que iria ligar você ia cair durinha-da-silva. eu só fico pensando nisso porque tá entre as coisas que enraizaram na minha cabeça, que nem o bêbado do teu marido enraizou na sua. as outras coisas? hm, depois eu falo, preciso entrar pra colocar a mesa. não, menina, não incomoda, tô só falando assim porque o desespero de ontem me assustou um pouco, sabe? se sinto falta? hm. é, um pouco. ai, menina, não me olha assim, quando vira parte da nossa rotina a gente gosta, mas quando sai da rotina, do jeito que for, ninguem gosta. saudade deixa um gosto amargo na boca, tipo cuspe verde, já percebeu? por isso que tô com essa bala rosa na boca.

quer uma?

2.11.10

hello sunset.


- hi Ju.

- hi Sunset.
you came so early today.

- you know...it's the boss Mr. Summer...he's coming soon so i've to come early.
i was crazy to see you today.
how are you?
sorry, i'm so talkative today...

- why are you so talkative today?
and i'm ok. thanks for asking me. and you?
i don't like your boss. i prefer Mr. Winter or Mrs. Autumn.
i was crazy to see you too.

- you're welcome. i really like to know how you are.
i'm happy (and don't ask me 'why?' ok? i REALLY don't know what's going on with me).
oh...i hate Mr. Summer. all the girls like him just because he's...hot. that's pathetic.
and you don't look 'ok' as you said. say the truth.

- i still don't understand why you like to know how i am. nobody cares like you care. (except from my parents, of course.)
SHIT, just because i was already typing 'why are you so happy?' HAHAH
and the girls who like Mr. Summer are just...normals, you know...and this reminds me that song...
ok, i'm not ok but i'm can pretend i'm ok so i said i'm ok.

- Ju...you can't pretend to me. i'm the Super-Sunset, remember?
what song? i don't know any summer song, sorry.
and look: you're not ok and i'm happy. i've to make you feel better somehow. what can i do to help you?

- you don't 'have to' make me feel better...
"summer..." something, by aerosmith. i don't know.

- yeah, you're right. i don't have to but i want to.
i don't like aerosmith.

- me neither.

- wait a minute.

- ok.

[a few minutes later]

- i'm back.

- hi.

- hey.
look to the sky.

- why?
...WHAT? WOW!

- did you like it?

- CRAP! THIS IS...NHO! THE SKY IS...ORANGE! A TEN MILLION OF 'NHOS' FOR IT!

- i knew you'd like it.

- like it? i LOVE it!
oh...thanks...thank you very much...

- orange sky makes you feel better. good to know it.

- why?

- it doesn't matter. how about a purple sky now, huh?

- could you...
WOW! PURPLE SKY!

- hahhahaha

- PURPLE AND ORANGE SKY! hahauehaheauehahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

- hahahahhahhahahaha
oh, i like you so much.

- purple sky! orange sky! that's amazing!
hmm...i like you too...

- what?...oh, sorry...i didn't...i'd...you're...i didn't suppose to say that.
shit...

- hahah it's ok.

- no. it's not.

- why?

- nevermind. look to the sky again please.

- holy shit! pink! PINK CLOUDS!
oh, pink smells so good...ops.
god, i love it!

- great.

- yeah, great.

- wonderful.

- yeah.

- what?

- what's the matter?

- nothing. i'm ok.

- no you're not.

- yes, i am.

- liar. why? the sky was not enough?

- this sky is one of the most beautiful things i've ever seen. thank you.

- so...why you're not ok?

- 'cuz i know you're leaving.

- i won't disappear.

- yes, you will. and the coloful sky will disappear with you.

- you can enjoy this sky while i don't leave.

- i could enjoy if you were not leaving right now.
you're so fast.

- i'm sorry.

- hey, shit happens. it's ok. =]

- ok. sorry.

- it's ok. i wish i didn't know these things.

- i'm glad you know these things. it makes you a bigger girl (not a Mr. Summer girl hahaha).

- i don't want to be bigger. (i like to be thin. hahahha) i want to be here and look to your purple-orange-pink sky forever.

- you can't.

- so why did you make this beautiful sky for just a few minutes?

- 'cuz i wanted to make you feel better (and 'cuz i wanted to look bigger than i am and the most powerful star but...hmmm, i guess it doesn't matter...)
i have to go, Ju.

- i knew it. ok.
thanks. now i'm feeling worse than before. boring.

- don't be dramatic...

- sorry.
come back tomorrow, ok? don't disappear.

- as you wish.

- bye.

- bye.

[next affternoon]

- Sunset? are you there?

-

[a gray sky day]

- hey, Sunset? how about a purple sky to make you fell bigger, huh?

-

[a blue sky day]

- Sunset?

-

- Super-Sunset, did you know sometimes the most important stars make an eclipse?

-

- i don't care if you tell me this is a lie.

-

- Sunset?

[today]

- Sunset, i know you won't talk to me but thanks for this beautiful sunset today, ok? it really made me fell better.
thanks.

-

27.10.10

considerações rápidas.

- oferecer uma ajuda específica para alguém que vc nunca conversou antes, aumenta o nível de simpatia, acelera a intimidade e prolonga o network;

- tratamento do silêncio é uma arma perigosa e funciona em 90% das situações em que é utilizada. Dos 10% em que não dá certo, metade foi por não ter sido utilizada no momento apropriado, outra metade é por ter sido um tratamento mal feito;

- pedidos de desculpas são capazes de provocar grandes modificações em várias coisas (inclusive pessoas);

- a velocidade da voz influencia uma conversa;

- no trabalho, todas piadas REALMENTE tem um fundo de verdade.

24.9.10

preocupações comezinhas.

"Vou revelar-lhe um segredo: os meus sonhos são de uma banalidade confrangedora, meras reposições de fragmentos do quotidiano, um remoer de preocupações comezinhas..."

A Persistência dos Sonhos - HQ A Pior Banda do Mundo

3.8.10

sobre heróis.

aí todo mundo acha que tem uma missão na vida ou que tem de criar um objetivo, metas e aqueles que conseguem chegar até o final, são vitoriosos.

mães que largam suas vidas para serem submissas ao bem estar dos filhos é uma missão? é uma benção divina ter como sonho ser mãe? e as mães que 'se dão' pelos filhos são heroínas?

são drogas.

e quem se mata em trabalhos medíocres para sustentar uma família inteira - e consegue de fato - são heróis urbanos ou escravos de merda?

e estudantes malucos que passam os dias estudando, sem parar e tem como o objetivo ser o primeiro nas avaliações - e conseguem - são gênios-heróis-precoces? salvaram suas vidas do pior da vida através dos estudos?

e gente que passa anos viciado em crack, heroína e depois de mais outros anos conseguem se livrar do vício? vilões que viraram heróis? pessoas fortes e com enorme força de vontade?

consigo listar dez milhões de esteriótipos, todos querendo ser heróis. todos atrás de um ou vários atos heróicos, em busca de alguma forma de reconhecimento. atos que antecipam uma puta carga de interesse pessoal em cima.

heróis assim não salvam o mundo. nem é essa a intenção mesmo.


nos quadrinhos não é assim que funciona.
e isso não tem a menor graça.

2.8.10

ads.

you will never sell your screenplay.

you will never write the great american novel.

you will never hang in the MOMA.

you will work in advertising.

YAY! ¹



________________________________
¹ careço de fontes. boring.

1.8.10

lavagem cerebral.

"Permaneço calado desta vez. Claro que já ouvi isso antes. É o método clássico de recrutamento da maioria dos cultos religiosos.

Primeiro você separa o pagão de seu ambiente normal. Depois, deixa que passe fome, minando sua resistência. A desorientação surge, seguida por alucinações. Isso deixa a vítima vulnerável à sugestão. Não demora muito para ela experimentar revelações...mistérios divinos.

Obviamente, é assim que Blackfire arregimenta seus discípulos. Técnica-padrão de Lavagem Cerebral.

Não vai dar certo comigo. Minha noção de realidade é forte demais."

Extraído de O Messias - Minissérie de Luxo 1 de 4 - Batman, 1989 - Ed. Abril.

27.7.10

escritórios.

pessoas que apenas trabalham ou passaram muitos anos trabalhando em escritórios costumam ter características bem semelhantes. são fechadas e extremamente dependentes de alguma coisa dita comum (salário, família, chefe, computador, carro, sexo). chegam numa dependência tão radical, que algumas chegam a ter problemas físicos caso fique em abstinência da tal coisa por algum motivo. é como se fosse um vício, uma 'droga', e é por causa dessa 'droga' que eles ainda tem forças de trabalhar todos os dias em um mesmo escritório por anos, por mais que passem o dia falando coisas do tipo 'ai, não aguento mais esse lugar'' ou 'vou sair daqui!'. só falam da boca pra fora porque quando acaba o expediente, eles voltam ao seu(s) vício(s) particulares, retomam as forças e no dia seguinte vão trabalhar.

cheguei a pensar que isso acontece em qualquer tipo de emprego, não só em escritórios, mas é mentira. escritórios são como caixas com vários seres vivos dentro. escritórios tem o poder de aproximar todas as pessoas através da convivência, por mais que não se queira. a aproximação não é como em qualquer outro emprego, é uma coisa que vai se tornando cada vez mais íntima e, quando menos se espera, todo mundo tem o número do seu cpf e sabe o nome do seu primeiro cachorro, por mais que não se tenha dito nada. é a convivência lado a lado que provoca uma 'intimidade profissional', todos os dias, todo mundo sabe como você senta na cadeira, como você arruma o cabelo, quantas vezes você vai ao banheiro ao dia, qual o horário do seu almoço, qual é a marca do seu celular, qual a cara que você faz quando passa mal ou quando está estressado. com o passar dos anos, seu chefe te conhece melhor do que seu marido (entenda como quiser).

conheço gente que gosta disso, conheço que deteste, conheço quem não se importa.

não importa o cargo nem a profissão. o fato de ficar o dia inteiro na frente de um computador, trabalhando (ou não) em um lugar fechado, com algumas pessoas ao redor fazendo a mesma coisa, é desgastante com o tempo. se não se apegar a algo externo (vícios) acho meio complicado de aguentar, por mais que seu trabalho no escritório seja fácil.

a maioria dos funcionários do escritório onde eu trabalho está lá há, no mínimo, uns 3,4 anos. tem alguns que estão há mais de 10. com exceção de 1, todos os outros sempre trabalharam em escritórios no empregos anteriores. eu listei mentalmente qual a dependência de cada um deles e me impressiona um pouco a força com que todos eles se apegam a essas coisas. é quase inacreditável.

no escritório onde eu trabalho atualmente tem poucos funcionários. como disse, a maioria é velho de casa e são completamente apegados aos seus respectivos vícios. a mulher do financeiro, por exemplo, está lá há 12 anos, dependente da sua aparência física e de sexo e, às vezes, é sempre meio constragedor ouvi-la falar no celular. a mulher da área industrial, viciada na família e bem estar e costuma ficar desesperada quando se atrasa para o almoço com o marido ou quando precisa ir buscar a filha na escola. a faxineira está há anos no escritório e fala sempre como está cansada e sobre sua vontade de ganhar dinheiro para ela e para filha. o cara do rural trabalha lá há 4 anos e é apegado ao futebol e ao orgulho de seus filhos homens e, como a faxineira, passa o dia falando sobre isso. a do comercial e minha colega de marketing trabalha nesse escritório há mais de 10 anos, é apegada à própria vontade que ela tem de viver e ao nosso presidente. ela flerta com ele enquanto ele encosta em sua cintura, como se ninguém percebesse. isso faz com que ela venha aqui e trabalhe ativamente todos os dias.

escritórios são pior que drogas.


minha conclusão é que devia ser obrigatório em todos os escritórios ter janelas que ocupassem, no mínimo, metade da altura da parede para uns ficarem olhando pro céu e não pro computador, enquanto outros se jogariam das mesmas.

23.7.10

oh, fukin' ego.

o que quero neste post é expor o MEU maldito ponto de vista sobre pessoas egoístas e egocêntricas. já li pontos de vistas de outras pessoas sobre isso e não concordo com mais da metade delas. sim, imparcialidade rula aqui.

e nota rápida antes de começar: tudo o que vem a seguir é totalmente baseado em pessoas reais do meu convívio diário ou que são bem próximas de mim de alguma forma, pois só assim consigo conhecê-las melhor e, consequentemente, analisá-las em conjunto. eu não invento essas coisas. (só algumas haha not.)

enfim, ok, na minha opinião:

pessoas egoístas agem sem pensar e querem tudo pra si mesmas e com retorno imediato. nem sempre são espertas e calculistas. mal educadas, ciumentas, desejam quase que exclusivamente coisas materiais e acham que é daí que vai sair a felicidade delas. pensam primeiro na COISA que elas querem. sempre. geralmente, como disse, essa 'coisa' é algo material, tipo, roupas, carro, casa, dinheiro, uma viagem, um diploma, um beijo, ou uma pessoa que esteja afim e tal (geralmente essas 'coisas' tem alguma relação com status pro egoísta em questão). só existe um tipo de egoísta que é esse que descrevi.

regra geral: todos passam por cima de tudo, muita vezes de maneira bem burra, pra conseguir algo material. e todos tem necessidade de chamar a atenção e causar inveja.

já as pessoas egocêntricas são geralmente mais espertas, calculistas, planejam o caralho a quatro pra conseguir o que elas querem. dos egocêntricos mais hardcore que eu conheço, a maioria em peso prefere abrir mão do seus desejos materiais pra estar num lugar ou ficar de uma forma que agrade a si mesmo; prezam muito mais pelo próprio bem estar. são pessoas observadoras e sabem (ou pelo menos acham que sabem) o que fazer pra conseguir o que querem. são icebergs, são exageradamente exagerados por dentro.

muitos dos egocêntricos desse tipo são também egoístas, mas não é regra geral.

quando algum egocêntrico coloca algo na cabeça, não importa o que seja, ninguém tira isso dele. existem 3 tipos de egocentrismo que eu consegui perceber - até hoje:

1. egocêntricos/egoístas: são os 'menos' egocêntricos que tem tanto traços egoístas quanto egocêntricos; a fusão desses traços provocam uma confusão de ego, de objetivos pessoais, de sentimentos e coisas do tipo e, por isso, costumam ser melancólicos. a maioria não demonstra isso e alguns tem uma esperança (ou uma flexibilidade) de mudar um dia;

2. egocêntricos profundos: são os de 'nível' maior, que são puramente egocêntricos, geralmente, não possuem muitos dos traços egoístas e, quando percebem algum daqueles traços egoístas, fazem de tudo para escondê-lo dos outros. se mostram carismáticos, quando no fundo são inflexíveis: nada e ninguém consegue mudá-los a não ser o próprio;

3. egoístas 'coitados': que acham que são os únicos que merecem atenção e sempre se fazem de vítima. mártires sem causa. costumam ser 'parasitas' de outras pessoas que não são nem egoístas e nem egocêntricas e não tem remorso por isso.

(lembrando sempre que eu não vejo problemas em julgar as características dos outros das quais eu não concordo, com respeito e nível. e ironia, às vezes. haha not again. e lembrando também de que não existem duas pessoas iguais, só semelhantes.)


sobre egocêntricos/egoístas vs. egocêntricos profundos.

esses de nível mais 'baixo', eu acho que podem mudar um dia e não serem mais assim - não significa que irão MESMO mudar, mas que existe a possibilidade - pois são mais flexíveis sobre o

próprio ego do que os egocêntricos mais profundos. os egocêntricos/egoístas conseguem seu bem estar com um pouco mais de facilidade pois tendem a não almejar grandes coisas e aceitar situações parecidas com a que desejam (pensam do tipo: 'tá, não consegui o que EU queria pro MEU bem, mas consegui algo próximo pra MIM, então EU vou ficar por aqui, por enquanto, mas EU vou ficar bem, por enquanto'. são temporários. por isso, os 'baixos' tendenciam a ser mais melancólicos e acomodados do que os profundos. os egocêntricos profundos só saem do lugar que estão se tiverem a certeza absoluta de que conseguiram exatamente o que queriam e só saem do lugar que estão quando tem a certeza absoluta que vão ficar do jeito que querem ficar. por isso, os mais 'baixos' dificilmente estão no lugar ou do jeito que queriam e parecem, para os outros, que são inconstantes, mutantes emocionais e tudo mais, quando que na verdade estão sempre, eu disse SEMPRE, pensando e desejando onde e como gostariam de estar. já os profundos são mais extremistas nesse ponto (pelo menos os que eu conheço): ou estão onde não queriam estar, planejando pra ir EXATAMENTE para onde querem estar, ou já estão EXATAMENTE onde queriam estar e ponto final para o mundo. não são acomodados e costumam ser menos tolerantes às próprias vontades, em relação aos egocêntricos mais 'baixos'. é tipo 'ou é do jeito que eu quero ou é nada.' como disse, os egoístas/egocêntricos são mais flexíveis nesse ponto.

chamar a atenção das pessoas em volta e ciúmes não é regra geral para nenhum desses 2 tipos. existem exceções apenas, acredito, eu nunca conheci uma exceção.

possessividade, ironia, melancolia é regra geral para os egocêntricos 'baixos'. até onde consegui conhecer, são TODOS melodramáticos e sentimentalóides, porém TODOS tendenciam a racionalizar os sentimentos e emoções. o que soa muito contraditório para mim, pois não faz muito sentido alguém que é movido a emoções ficar racionalizando tudo, certo?

e TODOS os que eu conheci desse tipo também tem tendência a ser solitários emocionalmente e/ou antissociais e também tendenciam a chorar 'com força', ou seja, choram com raiva misturada com tristeza. aquele choro que faz a cabeça doer igual a uma ressaca. eu não sei explicar em palavras o porquê dessas semelhanças nas pessoas assim.

(e, claro, eu estou automaticamente agora tentando teorizar e achar uma resposta racional pra essas duas últimas coisas e blá blá blá)

a regra geral pros egocêntricos 'profundos' é que todos tendem a ser estrategistas e calculistas. TODOS racionalizam tudo. até onde percebi até hoje, não são sentimentais, porém TODOS me parecem ser carentes por carinho sincero, e também acho isso bem contraditório, dadas as outras características. nenhum deles demonstram isso.

são todos inteligentes e espertos de alguma forma, dotados de uma malícia extrema. todos são do tipo que sabem conversar (que conquistam pela conversa), sociáveis e simpáticos. um olhar um pouco desatento nem percebe nada disso. dos caras desse tipo que eu conheci, são TODOS do tipo que são conhecidos como 'o menino mais lindo da escola' ou 'o cara mais cobiçado da festa', conquistam a menina que quiserem. dentre as meninas desse tipo, todas, sem exceção, tendem a uma racionalidade e um controle meio estranho sobre os próprios sentimentos (digo estranho porque nunca entendi isso direito). são do tipo 'a menina que gosta do cara só na hora que ela quer' ou 'é a mulher que sabe muito bem o que quer e dá pra quem quer dar'. das garotas que eu tive mais contato desse tipo, todas tem um histórico de coração partido - tanto delas mesmas quanto de quem gostou das mesmas - o que eu também acho contraditório: se elas sabem o que querem, porque ficam de coração partido? enfim.

(engraçado, achei coisas contraditórias nos dois tipos...)


os egoístas 'coitados'

dos egocêntricos 'coitados' eu percebi que estão as pessoas mais velhas que eu conheço. acho que tendem a reter um pouco do egoísmo, pois egoísmo reflete uma personalidade forte - exatamente o contrário do que um egocêntrico 'coitado' quer demonstrar. ao contrario desses tipos aí de cima (que prezam MUITO pelo bem estar e tal) estes egocêntricos 'coitados' só se sentem bem quando estão na posição de vítima, porém tem controle da situação. exemplo? uma pessoa que não trabalha, não estuda, não pensa, não faz nada, quer muita coisa material (característica egoísta), sabe que não vai conseguir se não fizer nada, se faz de coitada por tudo isso e parece que pede uma atenção tremenda para que alguém a ajude. aí se alguém tenta ajudar, ao invés dela aceitar a ajuda, ela, além de negar, ainda controla a situação de forma que a pessoa fique sempre a tentando ajudá-la, que fique com dó, que dê atenção pra ela e é nessa hora que o egoísta 'coitado' se aproveita e consegue, ou tenta conseguir, tudo o que quer. e sim, eles conseguem. se alguma pessoa externa nega a tal atenção, o egoísta em questão antipatiza.

chamar a atenção de forma calculista, ciúmes, remorso, sentimento de vingança é regra geral aqui. concrentizar esses sentimentos é a característica principal de TODOS eles.



e ah, olhar nos olhos de uma forma específica é regra geral para todos os tipos de egocentrismo. TODOS tem um olhar profundo e analítico. TODOS. claro que nem sempre ficam olhando constantemente nos olhos dos outros e também existem outras pessoas que não são egocêntricas ou egoístas, mas também olham nos olhos. o que quero dizer é que existem tipos diferentes de olhar e é assim que dá pra começar a reconhecer a personalidade de alguém. escrevo sobre isso outra hora.



minhas conclusões são:

- tendencio a me aproximar com mais facilidade de pessoas que são egocêntricas e eu diria que 95% das pessoas que estão (ou algum dia estiveram) próximas de mim de algum forma, são todas egocêntricas;

- tenho uma simpatia quase que automática por egocêntricos/egoístas nível mais 'baixo';

- tenho atração por egocêntricos 'profundos';

- mais da metade da minha família faz parte dos egocêntricos 'coitados'. hahaha



questões pessoais que ficaram em aberto:

1. encontrei contradições sobre emoção e razão enquanto descrevi sobre egocêntricos e não consegui explicá-las.

2. motivo pelo qual não levo egocêntricos 'coitados' a sério.

3. gostaria de uma explicação sobre o porquê que eu fico sempre afim de egocêntricos 'profundos'. tá cada vez pior.

21.7.10

adega de deus

(ou sobre família, bebidas e missas)

toda minha família sempre foi católica fervorosa, do tipo que vai na igreja todo domingo, que participa ativamente de grupos comunitários, paga o dízimo e tem o telefone do padre para 'emergências' (q-). durante minha primeira infância, meus Pais praticavam muito a religião. com o tempo minha Mãe se afastou um pouco, porém a fé católica dela nunca se perdeu nem por isso, nem por nada. ela sempre nos obrigou a ir à igreja. já meu Pai foi se tornando cada vez mais apegado ao catolicismo, faz muita questão de missas, pai-nossos, promessas e padroeiros. minha Irmã costumava ser a líder dos grupos mais jovens da igreja do bairro. meu Irmão, é o querido entre as beatas e tiete da bandinha das missas. minha casa cheira tanto a fé, com imagens e versículos espalhados nos cômodos que, às vezes, sinto que fui criada em uma capela.

quando crianças, íamos todos os domingos passar o dia na casa do meu Tio-Avô, depois da missa, claro. meu Pai, minha Mãe, eu, minha Irmã e meu Irmão. na época, tinha uns Primos que adoravam uma cerveja e tenho na memória as cenas dos meus Pais bebendo com eles, principalmente meu Pai, que bebia bastante e ficava bem afetivo quando o álcool começava a subir, mas mesmo bêbado ele tinha dificuldade em demonstrar afeto. um dos Primos também ficava afetivo, mais do que meu Pai, e conseguia demonstrar muito bem. entenda como quiser. já minha mãe, se limitava ao vinho, ela nunca foi muito de cerveja. uma taça era suficiente para que ela já ficasse meio tonta, feliz e carinhosa e, como meu Pai, também não demonstrava essas 'fraquezas alcóolicas'. ela costumava a falar cada vez mais alto e ficar cada vez mais promíscua a cada taça de vinho finalizada.

todos católicos fervorosos.

meus Irmãos e meus Primos passavam o dia e a tarde inteira brincando, sem parar. meu Irmão gostava de passar o dia jogando futebol com os Primos da idade dele enquanto minha Irmã, já não mais tão criança, ficava com nossas Primas mais velhas, falando sobre esmaltes e cabelos e, às vezes, jogando banco imobiliário ou stop no quarto. eu, que nunca soube chutar uma bola sem tropeçar e que odiava pentear o cabelo (ainda odeio), pairava entre as duas turmas e não ficava mais de 15 minutos ao lado de algum dos meus Primos ou Irmãos. às vezes, eu ia para junto dos adultos, automaticamente atrás de minha Mãe, talvez por ter passado a primeira infância muito, mas muito apegada à ela. quando ela falava mais alto, quase gritando e rebolando, eu tapava meus ouvidos e me afastava, assustada. vozes altas sempre me perturbaram. eu ficava para cima e para baixo, tropeçando sem parar e guardando automaticamente todos os detalhes da casa na memória. isso cansava.

cansa, ainda.

quando anoitecia, ficávamos as estirados naqueles sofás, as crianças sujas, suadas e cansadas, junto com nossas Primas, já adolescentes, lindas e vaidosas. todos nós começávamos sempre a conversar sobre qualquer coisa e ficávamos falando, devagar, baixo tom, cansados, por horas. era minha parte favorita do dia e foi nessa época em que eu cheguei a conclusão que conversas me dão um extremo prazer. e então terminava o programa do faustão, com as pegadinhas e ríamos. e começava o fantástico e assistíamos todos juntos, conversando, ninguém prestava atenção, mas a televisão continuava ligada. quando algum aldulto - bêbado - vinha lá da varanda ver se 'as crianças estavam bem' nós só dizíamos 'estamos assistindo só.' e só.

sinto o cheiro forte de caipirinha e cerveja toda vez que vejo o faustão.

quando começava o sai de baixo, meu Pai e alguns Tios já começavam a agitar pra ir embora e segurar mais minha mãe pelos ombros. geralmente meus Irmãos e alguns dos Primos já estavam dormindo no sofá e eu estava olhando pro alto pensando como eu odiava ir pra escola, especialmente às segundas-feiras. meus Pais começavam a se despedir dos parentes e todos se cumprimentavam com um fervor tão forte, mas tão forte que chegava a me assustar algumas vezes. eles diziam coisas do tipo 'que deus abençoe seus filhos!', 'vá embora com cristo, hein!', 'vai com deus!' todos bêbados, afetivos e com cheiro forte de falsidade com cerveja.

com o passar do tempo, fomos crescendo e essas visitas dominicais foram se perdendo e chegamos a passar anos sem ir lá. só revi esses meus Primos e Tios, na época em que minha Tia-Avó morreu, bem velhinha, e Tio-Avô ficou extremamente doente logo em seguida da morte dela. eles eram casados há umas 6 décadas e todo mundo percebia que ainda rolava um clima entre eles. até eu percebia. com essa morte (alzeimer, derrame e mais não-sei-o-quê) a família ficou triste, achou horrível a morte dela e a doença terminal do meu Tio-Avô e todas essas coisas amargas que a morte proporciona para a maioria das pessoas. eu, pelo que conheci desses meus Tios, achei (e ainda acho) que toda essa situação foi uma das coisas mais românticas que já vi na minha vida: a morte dela estava muito óbvia e ninguém queria nem pensar sobre isso, porém meu Tio foi esperto e pensou muito sobre isso, que ia perdê-la e tal, e também fez com que ela pensasse sobre o fim de tudo. o bonito é que foi assim que eles aproveitara muito bem os últimos dias dela viva. eu nunca tinha visto um casal que se olhava de um jeito tão apaixonado como eles dois. quando ela morreu, meu Tio não chorou, ele dizia que 'já sabia disso e que já tinha chorado tudo o que tinha pra chorar no ombro dela quando viva' e ao invés de ficar rezando terços de joelhos, como o resto da família ficou, ele enfraqueceu e adoeceu, três dias depois, estava internado e ficou no hospital por meses. quando ele voltou para casa, fomos visitá-lo. ele está velho, mais de 80 anos e fraco, muito fraco. ele diz poucas palavras. disse que 'está cansado e com saudades, mas nada que um experiente saiba como lidar'.

depois disso, nunca mais o revi.

e depois dessa época, meu Pai se tornou uma barata de igreja. quase um padre. parou de beber, parou com palavrões, parou com as afeições momentâneas, começou a rezar terços pelos cantos e começou a escutar ao padre Marcelo todos os dias, às 6h e começou a julgar tudo e todos. minha Mãe...bom, minha Mãe parou de vez de ir para igreja, ainda é católica e não me lembro da última vez em que ela saiu de casa.

meu Pai sempre manteve uma parte da estante da sala destinada às suas bebidas favoridas. tem dreher, 51, jurupinga, vinho tinto e branco, champagnes ganhados. quando eu mais nova, ele costumava temperar a comida com uísque e ficava com um sabor maravilhosos. ele nunca mais fez isso depois que a religião lhe subiu à cabeça. aliás, essas bebidas estão intactas há anos com uma imagem da virgem maria sobre a porta que as guarda. eu chego a achar muito engraçado. eu achava que uma hora dessas alguém ia mudar essa parte da estante e, como eu queria lembrar disso para sempre, há alguns anos, tirei uma foto dessa composição contraditória.

eu só não imaginei que ninguém ia mexer ali. a imagem continua no mesmo lugar há...7 ou 8 anos? enfim, há anos. as bebidas ficam lá, abençoadas, ninguém ousa bebe-las, ninguém ousa jogá-las fora, ninguém aqui nem ousa tocá-las. e elas ficam lá, e meus Pais ficam aqui, escondidos e acomodados sob o virgem manto azul.

tudo o que eu mais queria agora é uma comer algo caseiro temperado com uísque, assistindo às pegadinhas do faustão, estirada no sofá, num domingo católico qualquer.


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meu nome é Chickey Whiskey e veio em nome do planeta Mickey. leve-me ao seu líder.

- hey!