21.12.10

vozes.

blá blá blá silêncio. blá.
yay! número um: um som mais fino que uma linha de costura; constante e não perde o tom; macio e aconchegante como veludo; super adocicado e grudento como chiclete; som preto, som de todas as cores; som lindo.


blá blá blá ai ai blá blá blá drama blá blá blá
lol número dois: um som meio fino meio grosso; inconstante e não dá pra traçar uma linha reta sobre o som em ocasião nenhuma; às vezes sobe 10 milhões de tons até doer a cabeça; som suportável, porém enjoativo; de cor esmeralda - e nojento.

blá. blá. blá. blá. hm. blá. blá.
hmmmm..número três: som grave; quando alto parece tremer tudo em volta, quando baixo parece música sepulcral; som macio, mas incômodo; parece tocar a pele com água quente quando ao pé do ouvido; som de cor sempre escura para ser ouvido em lugares escuros; único som que permite ao ouvinte escutar simultaneamente o próprio pulso.

BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ DRAMA BLÁ BLÁ BLÁ AD INFINITUM BLÁ ETC - -
ah-há! número infinito: um sonzinho irritante, som que parece ter uma barreira feita de gema de ovo, insuportável e dá vontade de vomitar quando ouvido em tons muito altos. sem características físicas. cor verde-musgo. vomita*

15.12.10

coincidências.

- nível 1
nome: garoa de coincidências.
grau de tolerância: suportável.
frequência: quase todos os dias.
duração: de 1 a 2 dias, no máximo, seguindo um mesmo tema.
características principais: acontecem com coisas rotineiras, como dias em que toda vez em que se olha no relógio, os números estão iguais ou em determinada ordem. ex. 09:09, 11:11, 12:34, 21:12) ou pensar em alguém e esse alguém te ligar ou mandar um email em um curto espaço de tempo (ex. pensar em algum amigo distante e este entrar em contato no dia seguinte etc.

- nível 2:
nome: chuva de coincidências.
grau de tolerância: incômodo.
frequência: sempre que acontece algo muito foda que me surpreenda (aka quase nunca).
duração: cerca de 1 a 2 semanas, sem muita lógica de ordem.
características principais: sincronia de acontecimentos sempre dentro de algum tema/assunto já conhecido, porém não muito casual. geralmente, está relacionado com coisas ruins. ex. ter pesadelos inéditos com algo ou alguém e isso realmente acontecer em cenas de programas de tv, em novas histórias em quadrinhos, em filmes que vejo sem querer (não costumo assistir filmes), ou então quando alguém que tenha me surpreendido de alguma forma, me faça sentir saudade ou ódio por algum tempo e aí chove coincidências sobre essa pessoa e depois de alguns dias acontece algo bem foda, seja com a pessoa em questão, seja com algo relacionado à ela - como ela sofrer algum acidente ou se casar e mudar a vda da noite para o dia.

- nível 3:
nome: tempestade de coincidências.
grau de tolerância: SCARY.
frequência: poucas vezes em toda a vida.
duração: não sei.
características principais: quando algo me incomoda, dou um jeito de pensar em outra coisa, ok. só que em dias dessa tempestade, parece que tudo está relacionado àquele incômodo. exemplo idiota: hoje usei uma meia verde e não gosto de verde, me incomoda. aí hoje TODAS as pessoas do escritório estavam com alguma peça de roupa esverdeada a mostra; hoje estavam pintando a fachada do prédio vizinho de...verde; hoje eu vi um casal de emos com o cabelo super...verde; hoje fui almoçar com uns colegas e me levaram para um restaurante que tinha a decoração toda esverdeada....e por aí vai.





mas isso é tudo história de pescador, ok? eu é que sou uma detalhistazinha que sabe aumentar (e inventar) o drama de uma história e parecer tudo fodão.

13.12.10

centro do universo.

ok, eu posso não ser, mas os Milhos tem um centro gravitacional e um pequeno universo só deles, sem exceção alguma. todos eles possuem uma gravidade algumas vezes maior do que o planeta inteiro. seus sistemas solares são compostos, obviamente, por Galinhas.

quando os Milhos explodem, essa força gravitacional tende a aumentar cerca de blé vezes. as Galinhas, por sua vez, costumam desaparecer nessa explosão pois os Milhos transformam-se em fortes Pipocas e as Galinhas já não os toleram mais.

as Pipocas atraem os Antigos Apreciadores. os Antigos Apreciadores são um povo antigo, que vivem em uma galáxia distante, são muito admirados por alguns outros povos, porém é um povo raro e muito mal estudado pelos cientistas.

os Antigos, atraídos gravitacionalmente (?) pelas Pipocas, são tolerantes, podendo passar longos períodos sem outras necessidades a não ser as pipocais.

quando as Pipocas atingem o seu auge, todo seu campo gravitacional fortalece mais do que originalmente, porém ficam intangíveis apesar de visíveis a olho nu. devido ao seu fortalecimento, algumas Galinhas reaparecem automaticamente ao seu campo original, entrando em conflito com os Antigos Apreciadores.

como os Antigos e as Pipocas sempre evitaram as guerras com povos inferiores, eles, assim como as Pipocas, voltam ao seu estado original.

sendo assim, Pipocas voltam a ser Milhos, as Galinhas vão reaparecendo aos poucos e os Antigos vão pra lá.

complexo da folha branca e outras teorias.

- eu ainda não entendi isso que vc disse sobre Complexo da Folha sei-lá-o-quê.

- Complexo-da-Folha-Branca. cara, já expliquei duas vezes, como não entendeu? dessa vez, essa a teoria não é tão escrota assim...dá pra entender e faz mais sentido do que as outras, vai...

- eu disse que não entendi, então não entendi.

- ou não quer entender. quer que eu explique de novo?

- não vai me fazer diferença.

- mas pra mim faz. então, presta a porra da atenção dessa vez: sabe quando vc quer fazer brotar uma ideia do nada assim e não tem ideia nenhuma, mas consegue se auto forçar a ter alguma ideia idiota qualquer e vai lá e escreve, desenha ou esquematiza em uma folha de papel qualquer? então, vc provavelmente não sabe, mas tem gente que faz isso desde que nasceu com a maior facilidade do mundo. se vc for desse tipo aí que eu falei e, por exemplo, tá em casa, tranquilão sem fazer nada, pega uma folha ou abre o bloco de notas e pensa "vou escrever qualquer coisa" ou "vou desenhar qualquer coisa" a pessoa vai lá e faz. e se não tiver ideia nenhuma, a pessoa consegue escrever ou desenhar mesmo assim - e esse é o ponto que eu quero chegar. quem não tem o Complexo da Folha Branca, consegue fazer qualquer coisa em um papel branco, a partir do zero, mesmo que não tenha ideia nenhuma. a pessoa se força a fazer, esse é o foda da teoria, entendeu agora?

- se alguém consegue se forçar a ter uma ideia, não é a mesma coisa de que se ter uma ideia igual a qualquer outra? pra que inventar isso de "forçar uma ideia"?

- não, não é a mesma coisa. pensa: quem fala "putz! tive uma ideia!" é porque aconteceu algo pontual pra que aquela pessoa tivesse a ideia naquele exato momento. sempre tem algo que nos faz ter alguma ideia, pode ser um lugar, um estilo de música, um ambiente calmo ou agitado, ou até mesmo uma pessoa específica, isso é uma variável. conheci gente que precisava estar em um estado emocional super específico para poder criar alguma coisa. conheço outra gente que fica esperando a ideia vir do nada e nem presta atenção o que o faz ter o tal insight. enfim, todo mundo precisa de uma determinada coisa pra ter ideias. quem é assim, geralmente, tem a bosta do Complexo da Folha Branca, porque se não estiver ou tiver a tal coisa que lhe dá ideias, a pessoa empaca no branco e não tem ideia merda nenhuma. o ponto que quero que vc entenda, é que tem pessoas que sabem se auto forçar a ter ideias mesmo sem ter a tal determinada coisa pontual que todo mundo precisa. é como se criassem uma "determinada coisa virtual" na própria cabeça e usasse dessa virtualidade (?) para ter as ideias.

- hm. legal.

- legalponto.

- é.

- o que vc precisa pra ter ideias quando quer desenhar seus retratos?

- preciso ouvir música clássica e estar em um lugar calmo.

- e se não estiver nessas condições?

- é difícil desenhar.

- vc consegue?

- nunca tentei, mas acho que não.

- vamos testar agora, então, desenha meu retrato aqui no meu braço com a essa caneta, do jeito que vc quiser.

- agora? hahahhaha claro que não...não dá pra fazer um retrato no seu braço.

- é o meu braço ou é esse bar que te atrapalha?

- e essa caneta nem deve pegar na pele direto.

- ou talvez seja a música...desenhar com essa música de viado é sempre complicado...

- eu gosto dessa música.

- eu sei que gosta. vai, me desenha.

- agora não rola. não vou te desenhar...aqui...e no seu braço! quer parar com isso? odeio quando vc faz isso.

- odeia nada.

- pede mais uma cerveja.

- viu, vc tem o Complexo da Folha Branca.

- mas nem era folha. é o seu braço.

- ...dá na mesma.

- grandesmerda.

- é. grande merda mesmo. na real, eu inventei essa teoria agora mesmo.

- não sei como vc consegue pensar nessas coisas...não fazem muito sentido pra mim.

- eu sei como consigo. é porque não tenho o Complexo.

- ahhh, claro. tudo isso pra isso. vc quer é se mostrar, sr. eu-sou-criativo-ao-som-da-lady-gaga.

- sou mesmo.

- metido.

- sou mesmo.

- aff.

- posso fazer um retrato seu agora, se quiser.

- não, obrigado.

- ok. tenho uma teoria sobre o motivo de vc não querer um retrato seu nesse instante.

- quer parar?

- tá, desculpa.

- pede outra cerveja, aí.

-

- cara, o que vc tá fazendo???

- peraê.

- quer parar com isso? não me faça passar vergonha aqui, cacete.

- pronto, já acabei...calma.

- vc não estava fazendo o meu retrato na sua mão, né!?

- larga mão de ser egoísta. estava escrevendo uma teoria pra não esquecer.

- pra que???

- aliás, essa caneta pega na pele sim.

- por que???

- por que o que? por que eu estava escrevendo ou por que a caneta pega na pele?

- saco...

- eu acabei de fazer uma outra teoria. é sobre o porquê eu tenho teorias toda hora e achei sensacional e já que vc me mandou parar, escrevi na minha mão pra não esquecer. e a caneta pega na pele porque é caneta piloto. essas canetas são divinas, pegam em qualquer lugar.

- meu, se vc se acha o fodão por saber "forçar" a ter ideias na hora que bem entende, então porque não se força a parar de ficar inventando histórias e vem curtir o bar comigo?

- se eu te responder isso, aí vou partir pra teoria que escrevi na minha mão.

- jesus cristo...tá enchendo muito o saco isso.

- hahahah te coloquei em uma encurralada.

- ok, fala. não estarei te ouvindo.

- yay! estará sim. então, em resumo teorias distraem. tipo, é assim: quando a gente não gosta de algum lugar ou de alguém ou qualquer coisa do tipo, mas temos que continuar com a situação, geralmente ficamos entendiados ou chateados, certo? e quando ficamos assim, automaticamente, tentamos nos distrair, não é? tem gente que quando tá de saco cheio, começa a cantarolar sozinho, tem gente que fica estalando os dedos sem parar. tem gente que quando não gosta da presença de alguém, fica respirando fundo, como se estivesse engolindo o desgosto a força. tem gente que quando tá chateado anda olhando só pros próprios pés com fones nos ouvidos e assim fica absorto do mundo. tem gente que quando tá entendiado em um bar cheio de amigos em volta, só coloca o queixo sobre a mão e fica bebendo e fumando esperando o tempo e o tédio passar porque sabe que é temporário. tem outras gentes que quando tá entendiado, fica reclamando da vida, assim, e fica impaciente com tudo e todos, já viu? é um saco...e tem gente que - -

- ok, isso eu já entendi, pula pra próxima parte.

- hm. interessante.

- que foi?

- nada. enfim, então, eu descobri o que eu faço quando estou entendiado ou chateado com algo. e era essa a teoria que estava escrevendo aqui na minha mão.

- e o que vc faz?

- engraçado, pensei que vc estava entendiado com o assunto.

- eu estou, mas agora vc me deixou curioso. fala!

- não. vc está curioso só agora, mas antes vc estava entendiado.

- ai, nada a ver...

- tudo a ver. se vc não estivesse tão entendiado teria prestado atenção desde o início e ia saber que eu fico tendo ideias malucas e faço dez milhões de teorias absurdas a cada segundo toda vez que estou entendiado ou chateado. teorizo pra distrair e o tempo passar.

- vc não disse isso.

- disse mais ou menos. era pra ficar subentendido, mas talvez tenha sido malsucedido. hahaha!

- vc tá viajando.

- mas vc entendeu a teoria aí? preciso de um nome pra ela...

- só entendi que vc tá entediado.

- mas entendeu o motivo?

- não.

- tenho uma teoria sobre isso.

-

7.12.10

lembra?

sabe quando precisa lembrar um monte de coisas normais? normais, cotidianas, essenciais, até? datas de aniversários, consultas médicas, reuniões, deadlines, endereços, telefones, contas, vencimentos, recados pra chefe...uff...decorar sites, blogs, caminhos e atalhos, lugares, marcas, preços...

tem de lembrar de tudo isso e mais um pouco que eu não tô afim de lembrar. e tem de lembrar todo dia, mas é normal a gente esquecer, esquecer tudo - ou quase tudo. é costume já e completamente comum alguém dizer: "putz, esqueci". ok, normal. acontece.

agora, já aconteceu de acabar lembrando exatamente aquilo que não precisa? aquilo que ninguém vai precisar lembrar um dia no futuro ou é mesmo irrelevante? é estranho, fora do normal, fora da rotina, é desnecessário?

é desnecessário até vc começar a lembrar de coisas que até então passavam despercebidas pra vc e, ainda assim, não ter uma certeza de que tais memórias vão continuar. são detalhes, coisas inúteis pra maioria das pessoas, mas que vc, aos poucos vai encontrando alguma utilidade - ou não. lembrar a cor e fonte do texto que fulano de tal usou há exatos 2 anos e meio atrás, a música que o outro fulano estava cantarolando exatamente no segundo dia que vcs se encontrarm, decorar os cheiros da maioria dos lugares que vc já esteve, lembrar de situações - interessantes ou não - que aconteceram há meses, anos atrás e até então estavam esquecidas, lembrar de todos os sapatos scarpin que a chefe usa, memorizar palavras chave que de uma conversa que durou horas e sei lá o que mais...me diz, pra que é que eu tenho decorado o uniforme de todos os garçons e garçonetes de todos os restaurantes e bares que eu tenho ido? e pra que é que serve memorizar o estilo de todas as cadeiras que eu tenho sentado nos últimos tempos?

então, eu não lembrava de coisas desnecessárias assim. muito menos as necessárias. nunca fiz questão mesmo.

agora lembro de quase tudo que é desnecessário e com a maior facilidade, sem querer e agora não consigo mais esquecer. é foda tentar encostar a cabeça pra descansar ou querer escutar um pouco de música e começar a lembrar que o restaurante que almocei ontem tem um coraçãozinho no encosto das cadeiras de madeira com verniz e que no lugar que almocei hoje as cadeiras eram totalmente quadradas como nunca vi antes, com pernas de ferro.

devia é ter lembrado da conta que venceu ontem.

domingão.

Rodízio de Chocolate by juls:
(escrito em 24/08/2008)

1. Faça você mesma a massa de brigadeiro em cerca de 10 min;

2. Não espere esfriar, encha a maior colher que tiver com MTO chocolate e acomode-se em frente ao pc;

3. Volte à cozinha encha a big colher com chocolate novamente;

[é importante que não se leve a panela para deixá-la no colo para que o rodízio não entre em colapso e vc sempre vá rodear. hãn...hãn]

4. Depois de ganhar da preguiça, repita o passo 3 e aproveite para pegar um pacote de Trakinas;

5. Fuçe tudo no orkut, baixe 3 álbuns ruins, bloqueie alguém no msn e repita o passo 3 e aproveite para pegar um Todynho. Coma metade da Trakinas e deixe o pacote perto do

monitor para não esquecer no futuro;

6. Procure a fonte ideal no seu msn, brinque um pouco com seu Buddy Poke, repita o passo 3 e aproveite para pegar um copo de suco Tang. Beba o Todynho e deixe a embalagem

perto de vc para não esquecer de jogar no lixo depois;

[é importante ressaltar que o suco Tang ficará amargo...]

7. Oscile entre 3 ou 4 tentativas frustradas de assistir algo no pc, repita o passo 3 e aproveite para roubar alguns pirulitos de cima da geladeira. Beba o suco Tang e deixe o copo

longe de vc para não ter perigo de quebrá-lo;

8. Quando perceber que seu teclado está sujo de doce, pense q amanhã é segunda e você pensará em limpá-lo na terça. Repita o passo 3 e aproveite para fazer um sanduíche de pão

com chocolate. Deixe os papelzinhos dos pirulitos juntos com a embalagem do Todynho, claro.

9. Quando estiver bem enjoada, deixe a panela de brigadeiro nas proximidades do pc e coma o pão com chocolate e deixe o prato mais longe que o copo.

10. Termine com a outra metade da Trakinas e jogue a embalagem em qualquer lugar.

11. Procure o que fazer.

12. Como não vai achar nada o que fazer, assista ao Fantástico enquanto raspa a panela de brigadeiro até perceber que ela estará fácil para lavar depois.

12. Quando perceber, já acabou o domingo e você não fez nada de útil.

1.12.10

rotina.

dorme, sonha coisas comezinhas, acorda, dorme de novo, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda em cima da hora, tropeça, põe a primeira roupa, lava o rosto, escova os dentes, creme no cabelo mais cacheado do que nunca, o cabelo está diferente do que estava ontem, pragueja três vezes seguidas, pega a bolsa, celular, escolhe um álbum no ipod, desce as escadas, lembra que é preciso colocar o tênis, tropeça, volta ao quarto, coloca o tênis, desce as escadas, pega as chaves, abre a porta, manda o cachorro ir pra lá, ele não vai, abre o portão, manda ele ir pra lá, ele não vai, briga com o cachorro, ele fica triste, fecha o portão, o cachorro vem se despedir, acaricia o focinho dele e se despede, fizeram as pazes, vai em direção ao trem, aperta os olhos em proteção ao sol, vai pra sombra, anda, anda, anda, dá bom dia pro vizinho que vê todos os dias, passa pelo drogado na esquina, anda, tropeça, o vira-lata da estação dorme bem no meio do caminho, desvia, tropeça, acabou a passagem no bilhete, vai pra fila, pega a carteira, cai tudo no chão, vergonha, abaixa e pega tudo do chão, pega uns trocados, compra um bilhete só de ida, pensa "passagem só de ida, quem me dera se fosse verdade", passa da catraca, o trem está vindo, corre, atraso de quase meia hora, a plataforma está cheia, entra no trem, está cheio, incômodo, ar condicionado forte e com cheiro de hospital, as paredes do trem também lembram um hospital, espirros, praguejos e xingamentos mentais, está frio, fecha o zíper da blusa listrada, aumenta o som da música pra se isolar do mundo, olha pra fora, o céu está bonito, passa o tempo, o trem está muito cheio, vai pra porta, desce sete estações depois, tropeça na hora de sair do trem, alguém ri, vergonha, está quente e abafado, espirro, anda, anda, sede, esqueceu a garrafa de água em casa, anda, o tempo está fechando, o céu está cinza e vai chover, passa no bar que não é mais o bar verde de antes, compra um pão de queijo e dois toddynhos, anda, entra no prédio, cumprimenta a recepcionista atrás do balcão, espera o elevador, atraso de 45 minutos, o elevador demora e um deles está em manutenção, elevador chega, elevador cheio, evita se olhar no espelho, 5º andar demora a chegar, chegou, tropeça na hora de sair do elevador, vergonha, entra no escritório, está frio, ar condicionado no máximo, 3 espirros seguidos, vai pra copa, deixa um dos toddynhos na geladeira, desliga a luz da copa, fecha a porta, suspiro.

abre a porta, vai pra mesa, está bagunçada, tem recados e pedidos da chefe, alguém pede uma ajuda, o backup do servidor deu erro e precisa começar tudo de novo pela segunda vez, a colega do lado não dá bom dia, alguém faz alguma piada sem graça, a colega da frente pergunta se está de mal humor, responde que sim, como toda as manhãs, ela suspende as sombrancelhas e cochicha algo com a colega do lado, tem três (ou quatro) trabalhos com prazos apertadíssimos, a chefe ainda não chegou, cochichos pelo escritórios, vai ao banheiro, lava as mãos e joga uma água no rosto, ainda não acordou, sai do banheiro, enche um copo d'água, vontade absurda de tomar um litro de café, aguenta a vontade pois isso ocupa a cabeça, volta pra mesa, toma o toddynho e come o pão de queijo, alguém pede mais alguma coisa, muito trabalho inútil, passa o tempo, é a pior hora do dia em todos os sentidos, em poucas horas já bate o cansaço, já está há horas com a mão no mouse, a chefe chega, avisa que os prazos apertaram-se mais ainda, a chefe solicita alterações, atrasa o trabalho, vontade de café, aguenta, alguém pede algo mais, trabalha, sente aquela coisa que vem sentindo desde que, não importa mais, vontade de tomar café, hora do almoço, todo mundo sai, silêncio, agora dá pra trabalhar, em uma hora adianta muito trabalho, todo mundo chega, é hora do seu almoço, celular, ipod, cartão, crachá, sai correndo pra fora do escritório, chama o elevador, elevador demora muito, sai do prédio, está quente, espirros isolados, esqueceu de trazer os boletos das contas para pagar, o vencimento era hoje, já era, vai pagar juros de um dia porque não volta naquele escritório nesse horário, escolhe um álbum no ipod, anda, anda, anda, vontade de café, aguenta, anda, anda, anda, fizera uma promessa de sempre almoçar certo, anda, passa em um restaurante, come pouco, anda, anda, já deu o horário, caminho de volta, peso, entra no prédio, cumprimenta a recepcionista, chama o elevador, elevador demora, tropeça pra entrar, vergonha, ninguém viu, está vazio, evita o espelho, 5º andar demora, olha o espelho com o rabo do olho, não agrada o que vê, sai do elevador, toma cuidado pra não tropeçar no mesmo lugar, pensa "por que é que tenho tropeçado tanto?", sabe a resposta, está na escrita nos olhos, suspiro rápido, entra no escritório, está frio, tosse e 2 espirros seguidos, alguém faz uma piada sobre os espirros, senta na mesa, 3 ou 4 discutem sobre a situção do rio de janeiro ao lado de sua mesa, insuportável, pega o estojo de higiene pessoal, vai ao banheiro, fala com ninguém, tropeça no caminho, alguém faz alguma piada sobre isso, entra no banheiro, não liga a luz, escova os dentes, faz xixi, lava as mãos e o rosto, não encara o espelho, abaixa a tampa do vaso, senta, suspiro.

sai do banheiro, vontade de tomar café, aguenta, volta pra mesa, alguém solicita algo em nome da chefe, trabalha, trabalha, algumas piadas, trabalha, prazo, trabalha, mais alterações, trabalho perdido, final da tarde, sente aquela coisa de novo com muito mais força, lembra do café, vontade de tomar café, aguenta, vai na copa, pega o toddynho, volta pra mesa, trabalha, entrega trabalho, solicitação de um novo trabalho, mais um trabalho para o dia seguinte, a colega da carona avisa que já deu o horário, pede para esperar mais 10 minutos, a colega apressa, não quer pegar trânsito, salva os arquivos, arruma o backup de tudo, dá uma arrumada na mesa, a colega do lado mal conversa, vai no banheiro, lava as mãos e o rosto, debruça sobre a pia, arrenpedimento por sempre aceitar a carona, a motorista é o seu oposto em todos os sentidos possível, ela te adora, suspiro rápido, sai do banheiro, tropeça, alguém ri, você ri junto e se despede, arruma as coisas e a mochila, pega o crachá e sai do escritório, a colega-motorista acompanha, falando fino e cantando sem parar, chama o elevador, elevador demora, elevador chega, evita o espelho, sente aquela coisa de novo, vontade de café, aguenta, vontade de cigarro, aguenta, sai do prédio, compra um saco de pirulitos na doceria, coloca um pirulito na boca, coloca o resto do saco na mochila para os dias seguintes, andam em direção ao carro, andam, andam, entra no carro, ela liga o rádio antes de colocar o cinto, ela passa todas as estações a cada 3 minutos, trânsito, ela fala fino e canta tudo, pragueja contra o trânsito e contra as motos, puxa conversa, simpatia barata, simpatia falsa, conversa nonsense, sente aquela coisa forte de novo, vontade de cigarro, aguenta, coloca um pirulito na boca, encosta a cabeça no vidro, simpatia barata, suspiro, a viagem é longa, outro suspiro.

menos de uma hora, porta de casa, beijo de despedida, pega a mochila e a blusa, sai do carro, abre o portão, pragueja contra as crianças fazendo um barulho horrível na casa da frente, o cachorro vem dar as boas vindas, acaricia a cabeça dele, ele não guarda remorso, você também não mas você lembra que ele é sempre teimoso, o cachorro faz festa em todo o quintal, você sorri, primeiro sorriso sincero do dia, lava as mãos, faz alguma gracinha com o cachorro, entra em casa, cheiro de comida, sem fome, vontade de café, sobe pro quarto, pega uma muda de roupa velha adorável, pega a toalha, vai pro banheiro, esqueceu de tirar o tênis, sai do banheiro, tira o tênis, tropeça, vergonha, volta ao banheiro, encara o espelho, está bonita, está linda, mas ainda não gosta do que vê, encara o espelho, o problema não é beleza, não é cabelo, não há problema nenhum, toma o banho, surgem milhões de ideias para desenhos e histórias, guarda na memória, sai do banheiro, desce pra cozinha, janta sozinha, pouca comida no prato, sem fome, é noite, sente aquela coisa de novo, daria tudo por um café e um cigarro, aguenta, toma um suco ou qualquer coisa que tenha uma cor agradável, arruma a cozinha, enche o copo novamente de suco ou qualquer outra coisa com a tal cor agradável e volta pro quarto, o pai assiste e conversa com a televisão na sala, passa direto, não fala com ele, ele já não conversa direito com você, a mãe assiste televisão quase que no último volume, senta na cama, coloca os fones, escolhe um artista, aumenta o volume, a mãe não tenta mais puxar conversa, arruma algumas músicas, troca algumas poucas palavras com alguém, sente aquela coisa de novo com mais força do que nunca, café, aguenta, termina de tomar o suco, escuta música, desenha, escreve, faz algum trabalho pessoal, fica no deviantart vendo desenhos lindos ou horríveis, lê algum texto interessante, começa a ver um episódio de algum seriado, não tem mais paciências para vídeos, fica de saco cheio, volta a ouvir música, sente a coisa de novo, vontade de café, a coisa não passa, pensa no café, pensa na vontade de café, a coisa não passa e tá ficando mais forte, força um sono, desliga o computador, vontade de ouvir mais música, força um sono, sente a coisa que não passa, vontade de cigarro, vontade de café, suspiro.

dorme, sonha coisas comezinhas, dorme de novo, acorda --

estepe.

- ei, estepe, acorda.

- q

- você é um estepe. vai lá fazer o seu trabalho.

- hm

- os 4 principais estão ruins e quebrados - de novo - vai lá ajudá-los.

- ah

- vai. eles estão pedindo.

- pq

- porque você é um estepe, caralho.

- mas e vc/;]

- eu não sou um estepe.

- e pq eu/;]

- porque eles querem que você os conserte.

- sou um estepe, não um mecânico.

- o mundo inteiro sabe que você não sabe e nunca vai conseguir consertar porra nenhuma, mas eles te querem lá, do lado deles. então vai, cacete.

- ah

- se você não for, vou te obrigar.

- eu sei

- então porque não vai lá ajudá-los?

- cansei

- de quê??? você é só um estepe e fica aí do mesmo jeito o dia todo, cansado de quê?

- sei lá

- vou te levar a força.

- hm

- ok. isso vai doer.

- uhum

- ok, vamos lá.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII NÃO, NÃÃÃO, PARE! POR FAVOR! AAAAAAAAAAAAAAAAA

- eu avisei.

_________________________________________________

- oi, galera, trouxe o estepe pra vocês. desculpa a demora.


- ai, que bom, estava péssima já...
- ow, valeu, não tô mais me aguentando assim!
- putz, demorou mesmo, hein, já nem tenho mais forças.
- ó céus, estou toda ensanguentada, demorasse mais um pouco eu morria....

- sem drama, pessoal, já trouxe o estepe...

- ...

- estepe?

- ...

- droga, esse estepe já era. esperem mais um pouco turma, vou ter de arranjar um outro estepe...isso que dá ficar usando o mesmo estepe por anos.

- não! e o que vai ser da gente?
- ugh, tira a carcaça desse estepe daqui senão vou ficar pior!
- ahhh, seja rápido, estou morrendo...
- ai, que tristeza, nem com um estepe dá pra confiar...volte logo!

- ok.